Nascido em 1994, no Rio de Janeiro, cidade onde vive e trabalha, Tiago é artista visual formado em Design de Produto pela PUC-Rio. Com uma trajetória que inclui a atuação como marceneiro e passagens pelos ateliês de artistas como Daniel Senise e Angelo Venosa, desde 2022 é assistente de Charles Watson e também atua como fotógrafo freelancer.

Sua pesquisa se constrói a partir do uso de materiais banais — restos de madeira, fragmentos, papéis, tecidos, arames, cordas, fitas, pregos — elementos que carregam histórias, marcas do tempo e uma presença silenciosa. Não se trata, no entanto, de falar sobre precariedade. Tiago se interessa pela potência contida no que é frequentemente ignorado. Esses materiais não são escolhidos por nostalgia nem por provocação, mas por sua capacidade de revelar gestos mínimos, sutilezas espaciais e fragilidades que normalmente escapam ao olhar apressado. Materiais que não nasceram para ser arte, mas que, ao serem deslocados de seu contexto original, ganham um novo lugar na hierarquia perceptiva.

Seu trabalho é movido por uma ética do processo e da transparência. Há uma preferência pelo que hesita, pelo que parece inacabado ou por vezes tropeça com certa graça. É justamente nesse deslocamento — ou até nesse desconforto — que reside o interesse do artista. Muitas vezes, suas obras parecem tímidas no espaço, insinuando-se mais do que se impondo. Há humor, sim, mas também uma tensão poética constante: uma tentativa de reorganizar a nossa relação com o visível e com o que julgamos ser importante perceber.

Tiago Cavaliere chega à galeria como parte de uma geração atenta às potências do imperceptível e comprometida com formas mais sutis — e, por isso mesmo, profundas — de se relacionar com o mundo.