Nelson Leirner
1932 — 2020
Nelson Leirner
São Paulo, 1932 - Rio de Janeiro, 2020.
Nelson Leirner nasceu na cidade de São Paulo, em 1932. Foi um artista intermídia.
Residiu nos Estados Unidos, entre 1947 e 1952. De volta ao Brasil, estudou pintura com Joan Ponç em 1956. Entre 1960 e 1965 começou a trabalhar com “apropriações”, culminando com uma exposição com Geraldo de Barros na Atrium Galeria, que depois viajou pro Museu de Arte Moderna de Buenos Aires. Participou da Nova Objetividade Brasileira no MAM-Rio e Opinião em São Paulo, exposições essas que deram início ao movimento de vanguarda no Brasil. Em 1966, fundou o Grupo Rex, com Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros. Ainda em 1966 recebeu prêmio na Bienal de Tóquio, com os trabalhos “Homenagem à Fontana” que deram início à realização de múltiplos no Brasil. Em 1967, realizou a “Exposição-Não-Exposição”, happening de encerramento das atividades do grupo, em que ofereceu obras de sua autoria gratuitamente ao público. No mesmo ano, enviou ao 4º Salão de Arte Moderna de Brasília um porco empalhado e questionou publicamente, por meio de artigo para o Jornal da Tarde, os critérios que levaram o júri a aceitar a obra. Foi também um dos pioneiros no uso do outdoor como suporte. Ganhou o prêmio Itamaraty na 7ª Bienal de São Paulo. Em 1969 e 1971 foi convidado a participar da Bienal de São Paulo mas recusou-se a tomar parte do evento, aderindo ao boicote internacional à ditadura militar. No mesmo ano, abriu a exposição “Playground” no vão do Museu do MASP, com peças feitas para manipulação do público. Nessa época, Leirner se dedicou a outras linguagens, como o design, os múltiplos e o cinema experimental. Nos mesmos anos 1970, criou uma série de alegorias à situação política contemporânea em um conjunto de desenhos e gravuras. Em 1974, expos a série “A Rebelião dos Animais”, com trabalhos que criticavam o regime militar, pela qual recebeu, da Associação Paulista dos Críticos de Arte – APCA, o prêmio melhor proposta do ano. Em 1975 a APCA concedeu ao artista o prêmio “APCA melhor desenhista” e encomendou-lhe um trabalho para entregar aos premiados; a Associação o recusou por ser feito em xerox. Como forma de protesto, os demais artistas negaram-se a comparecer ao evento. De 1977 a 1997, lecionou na Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, em São Paulo, onde teve grande relevância na formação de várias gerações de artistas. Dando continuidade aos seus trabalhos críticos ao regime militar, inaugurou em 1978, na Galeria Luisa Strina, a exposição “Uma Linha dura… não dura”. Em 1980 a exposição “Pague para Ver” foi cancelada pela Múltipla Galeria de Arte, por causa do texto/convite escrito por Leirner onde caracterizava os vários meandros que envolvem o mercado de arte. A presença de elementos da cultura popular brasileira, marcante desde os anos 1960, cresceu a partir da década de 1980.
Em 1985, realizou a instalação “O Grande Combate”, em que utilizou imagens de santos, divindades afro-brasileiras, bonecos infantis e réplicas de animais. Pretendeu converter em arte o que é considerado apenas cotidiano e banal. Seu trabalho se apropria de imagens artísticas banalizadas pela sociedade de consumo. De maneira bem-humorada, lida com as reproduções da “Gioconda (Monalisa)”, de Leonardo Da Vinci, e “A Fonte”, de Duchamp, como tema artístico. Com a mesma ironia, o artista replicou sobre couro de boi imagens da tradição concreta brasileira, na série “Construtivismo Rural”. Em 1994 recebeu o prêmio APCA de “Melhor Exposição Retrospectiva do Ano”. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1997, e coordenou o curso básico da Escola de Artes Visuais do Parque Lage – EAV/ Parque Lage. Em 1998 recebeu o prêmio “Johnny Walker de Arte Contemporânea”. Em 1999 representou o Brasil na Bienal de Veneza, o que lhe abriu portas para uma carreira internacional tanto em galerias como em instituições. Participou das mais importantes feiras de arte no exterior, tais como: Arco, Basel, Miami Basel, Dubai e expôs na Suíça, Alemanha, Espanha, Portugal, Inglaterra, França e Estados Unidos. Em 2007 foi reconhecido pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) com o prêmio “Trajetória de um artista”, e em 2009 recebeu uma homenagem do Instituto Cultural Itaú como “Artista Referência“, com a exposição “Ocupação”, onde também foi lançado o documentário “Assim é… se lhe parece” em sua homenagem. De 2005 a 2007 participou da exposição “Tropicália” que inaugurou no Museu de Arte Contemporânea de Chicago, seguindo depois para o Bronx Museum em Nova York, Casa da Cultura em Berlim, Barbican Centre em Londres, e finalizou no MAM – Rio. Participou da exposição “Dreamlands” no Centre Pompidou, Paris, em 2010, e expõe na 29º Bienal de São Paulo com uma sala especial no mesmo ano. Em 2011 realizou a retrospectiva “Nelson Leirner 2011-1961 = 50 anos”, na FIESP/SESI-SP. No mesmo ano abriu em Miami a mostra “Who is Who” e também foi homenageado pelo Instituto Tomie Ohtake com uma sala especial na exposição “Beuys e bem além de ensinar como arte”. Em 2014 abriu exposição na Fundação Eva Klabin, no Rio de Janeiro, chamada “Minha casa, minha vida. Inaugurou em abril de 2015 a exposição itinerante “Pop International” primeiro no Walker Art Center em Minneapolis e posteriormente, em 2016, no Philadelphia Museum of Art. Em 2017 o artista participou da mostra itinerante “Vastidão dos mapas – arte contemporânea em diálogos com mapas da Coleção Santader Brasil” com curadoria de Agnaldo Farias, e das coletivas “How to read El pato Pascoal” no Mak Center for Art + Architecture, na Califórnia, e “Ready Made in Brasil”, na FIESP/SESI-SP. Em 2019, fez a exposição itinerante “Pop América, 1965-1975”, que teve início no Nasher Museum of Art at Duke University, na Carolina do Norte.